13 de fevereiro de 2013

Muffins de aveia com pepitas de chocolate negro e uma visita ao céu :)

Heaven, I'm in heaven!
And the cares that hung around me through the week
Seem to vanish like a gambler's lucky streak!
When we're out together dancing cheek to cheek! 

Fred Astaire


Há um ano fiz um estágio de três semanas em Medicina Interna no Hospital Fernando Fonseca (também conhecido como Amadora-Sintra). Durante o estágio acompanhei vários doentes com todo o tipo de patologias, mas houve uma pessoa que me ficou particularmente marcada na memória: a Dona A. 

A Dona A. era uma velhota muito bem disposta que estava internada por causa de uma descompensação da sua patologia cardíaca. Estava a progredir de forma estável, sentia-se bem e adorava falar connosco, e foi impossível não sentirmos um carinho imediato por ela. 

Uma noite a Dona A. teve uma descompensação muito rápida e fez uma paragem cardio-respiratória. No vernáculo comum dir-se-ia que morreu. Foi prontamente reanimada e o coração dela voltou a bater, e pouco tempo depois ficou relativamente estável novamente.  


No dia seguinte encontrámos a Dona A. muito pensativa. Sentia-se bem e continuava faladora, mas era nítido que havia algo que a preocupava. Perguntámos o que tinha acontecido durante a noite anterior, e ela disse que tinha sentido uma grande dor e depois não se lembrava de nada até acordar. Disseram-lhe que tinha morrido por uns momentos, mas ela dizia que não tinha visto luz nenhuma, não tinha passado por nenhum túnel, não tinha visto o marido que já tinha falecido e também não tinha visto Deus

O que estava a preocupar a Dona A. era a aparente ausência do céu. 


A Dona A. repetiu esta história durante todo o resto do nosso estágio: dizia que estava muito triste porque sempre tinha acreditado que o céu existia e agora sentia-se confusa. Entretanto viemos embora e nunca mais a vi, mas espero sinceramente que a Dona A. continue sem ver o céu, e que assim se mantenha durante muitos anos. 

Eu acredito em Deus e em Jesus, mas não acredito no céu. Gostava muito de acreditar que algo acontece quando morremos, mas simplesmente não consigo. 


Espero sinceramente estar errada. Espero que o céu exista e que seja tudo aquilo que imaginávamos quando éramos crianças. Espero que um dia (daqui a muitos muitos anos) possa viver a minha eternidade de roupão branco felpudo e de pantufas a saltitar nas nuvens. 

E espero que estes muffins estejam lá à minha espera. É que juro-vos, estes muffins são mesmo do céu.


Muffins de aveia com pepitas de chocolate negro (receita adaptada do livro 'Muffins - Fast and Fantastic')

Ingredientes (para dez muffins): 

* 60g de flocos de aveia;
* 260ml de leite; 
* 225g de farinha de trigo sem fermento;
* Três colheres de chá de fermento em pó;
* Uma pitada de sal;
* 85g de pepitas de chocolate negro;
* Um ovo batido;
* 100g de açúcar amarelo;
* Uma colher de chá de essência de baunilha;
* Quatro colheres de sopa de óleo (ou 60ml). 

Confecção: 

 * Juntar o leite e os flocos de aveia e deixar absorver

* Noutra tigela juntar a farinha, o fermento, o sal e metade das pepitas de chocolate;

* Na mistura do leite e dos flocos de aveia juntar o ovo batido, o açúcar, a essência de baunilha e o óleo, batendo bem entre cada ingrediente;

* Juntar a mistura líquida aos ingredientes secos e misturar com uma colher de sopa apenas até os ingredientes ficarem ligados;

* Colocar em forminhas para muffins e cobrir com as pepitas de chocolate restantes; 


* Levar ao forno pré-aquecido a 200º durante vinte minutos


O Pedro achou que estes eram os meus melhores muffins de sempre, embora eu confesse que continuo a preferir os meus muffins de laranja com sementes de papoila :D Por outro lado achei que estes muffins ficaram deliciosos :)

Até amanhã!